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José António Saraiva escreve sobre as mudanças sociais que têm atravessado grande parte dos países ocidentais - a entrada das mulheres no mercado de trabalho e as consequências danosas para o bem-estar da família e crianças em particular.

 

 

 

Enquanto leio o artigo, uma série de sentimentos e reacções vão-se sucedendo: risos, gargalhadas descontroladas, vergonha alheia, incredulidade... 

 

No seu ensaio, caracteriza a sociedade portuguesa pré-moderna como matriarcal(?). Enumera uma série de consequências negativas que, a seu entender, se devem ao facto de as mulheres terem deixado de se ocupar da família e tarefas domésticas. Entre as nefastas consequências da igualdade de direitos conta-se o aumento do adultério, "tarefas domésticas por fazer", mais divórcios...enfim, o fim de um mundo onde as famílias eram felizes e tudo corria bem. 

 

O director do Sol (peço desculpa ao jornal pela publicidade negativa) pergunta, a determinada altura, se as mulheres são hoje mais felizes? José António Saraiva não sabe que a resposta é muito simples.

  

As mulheres são felizes quando conseguem dar-se bem na carreira. São felizes enquanto cuidam dos seus filhos. São felizes quando conseguem conciliar o trabalho e a família. São felizes quando têm a seu lado um homem que se orgulha do seu sucesso profissional, que partilha com ela o trabalho doméstico e o cuidado das crianças. Eventualmente, seriam menos felizes se tivessem a seu lado um homem que considera natural as mulheres dedicarem a sua vida exclusivamente à família, não podendo exercer um trabalho, mantendo-se dependentes de um homem. Para o bem da felicidade de todos, homens como este vivem de costas para o futuro e pouca influência terão no que daqui para a frente vai acontecer.

 

 

“Renée Zellweger mudou de rosto, e você porque não faz o mesmo?”, bem podia ser o slogan de uma clínica de cirurgias plásticas. Ou então, “se não quer ficar parecida com a Jéssica Athayde venha ter connosco! O Peso Certo não é a única forma de se tornar uma celebridade”. Ou ainda, “Ponha os olhos na ex-miss Tailândia e entregue-nos as poupanças da sua vida. Em troca nós devolvemos-lhe a sua juventude”. (Talvez devesse abrir uma agência publicitária dedicada a este nicho de mercado, o que acham?)

 

Não sendo propriamente estas as mensagens, a verdade é que o assédio vem de todo o lado, ainda que menos directo e mais subliminar. E quem mais sofre com ele são as mulheres, se bem que os homens vão pelo mesmo caminho. As revistas, a televisão, a publicidade, etc., estão repletas de imagens de mulheres-ideais que pretendem servir de modelo para as mulheres-reais. Ao vivo, é mais raro ver-se uma mulher-ideal. É como na história da Cinderela, quando saem das páginas das revistas a magia do Photoshop desaparece.

 

As mulheres-reais para se tornarem mulheres-ideais devem submeter-se a uma série de tratamentos cada vez mais exigentes, consumir determinados produtos, fazer muito desporto e/ou comer com muita moderação. Não existem, ou são cada vez menos, as partes do corpo que ficam fora da sua intervenção. Depilar, alisar, limpar, perfumar, aumentar, diminuir, cortar, colorar, descolorar, reconfigurar, tatuar, perfurar…são tarefas que entraram na vida quotidiana de muitas mulheres. É como se quisessem ser as costureiras dos seus próprios corpos.

 

Existe toda uma indústria dedicada ao corpo feminino (e a indústria dedicada ao corpo masculino cresce a olhos vistos). Muitos dos produtos alimentares disponibilizam a sua versão light, magra ou zero calorias. Vendem-se aos milhares livros com as dietas do momento, aquela dieta que vai fazer a mulher-real perder os quilos que a separam da mulher-ideal. Algumas destas dietas são realmente castradoras no que diz respeito à diversidade de alimentos que se podem ingerir. A batata, o pão e a massa são regularmente banidos das ementas como se de veneno se tratasse.

Surgem, mês após mês, procedimentos supostamente mais inovadores, mais eficazes e menos invasivos no tratamento das rugas, das borbulhas, da flacidez, das estrias, da celulite, da gordura localizada, dos poros dilatados, dos seios pequenos, do nariz grande, da coxa robusta, da queda de cabelo… Os desenvolvimentos da cirurgia estética parecem desafiar os limites da própria natureza. Tudo ou quase tudo é possível. Parece que o mundo põe à disposição das mulheres-reais tudo o que elas possam precisar para se tornar mulheres-ideais. Só não chegam lá porque não querem, pode até pensar-se.

 

Mas quem raio se lembrou de criar uma mulher-ideal tão jovem e magra!? Será Deus o culpado? Terão sido as próprias mulheres? A culpa é da indústria, dos media? Não seria mais fácil simplesmente despedir esta mulher-ideal? Concedendo-lhe, obviamente, uma boa indeminização por todo o trabalho incansável que tem feito. Ou, atribuir-lhe um bom subsídio de desemprego. Reforma antecipada até. O que vos parece?

 

(E com isto, acabei de pôr um fim na minha futura e brilhante carreira de publicitária da magreza e da juventude. A mulher-real não move indústrias.)

 

*Crónica publicada no Público

Compreendo melhor um homem machista do que uma mulher anti-feminista. 

 

O homem machista luta pelos seus interesses, defende a preservação da figura do chefe-de-família. Essa espécie em vias de extinção, na medida em que a maior parte das famílias actuais são bicéfalas.

 

A mulher anti-feminista é-me totalmente enigmática. Trata-se de mulheres que não desejam a igualdade de direitos entre homens e mulheres? O que leva uma mulher a aderir a um movimento anti-feminista?

 

Nas imagens em baixo vêem-se mulheres a empunhar cartazes com argumentos que explicam o porquê de serem anti-feministas. São evidentes os mal-entendidos e preconceitos face ao feminismo. Para esclarecer: mulher feminista não quer ser superior ao homem; as mulheres, no geral, ainda não têm as mesmas oportunidades que os homens; burca e liberdade não podem ser usadas na mesma frase; mulher feminista como eu usa maquilhagem e gosta de se sentir bonita.

 

Fonte: http://womenagainstfeminism.tumblr.com/

Tal como nas mais diversas esferas da vida, também em relação à sexualidade se podem apontar diferenças entre homens e mulheres. Diferenças ao nível das práticas e ao nível dos valores. Não é que eles sejam de planetas diferentes, uns de Marte e outros de Vénus…  Na verdade, o planeta é o mesmo, apenas muda a anatomia e a forma como aprenderam a fazer uso dela. Virtualmente, o prazer e apetite sexual podem ser os mesmos, mas na realidade não são.

 

Por exemplo, os homens iniciam-se sexualmente mais cedo do que as mulheres. Pelo menos é o que eles dizem. Dados de um questionário recente à população portuguesa, publicados no livro Sexualidades em Portugal, revelam que mais de metade dos homens perdeu a virgindade antes dos 17 anos, enquanto apenas 35% das mulheres deram a mesma resposta. Bem, se fizermos algumas contas de cabeça depressa percebemos que, ou os homens mentiram, ou então a maior parte foi para a cama com mulheres mais velhas. Eu aposto na primeira hipótese. Homem que é homem perde a virgindade cedo e vai para a cama com muitas mulheres! Se assim não for, pode sempre mentir-se.

 

Mas não é só a idade que é diferente, também as experiências o são. Mais do que as mulheres, os homens iniciam a sua vida sexual fora do contexto de uma relação amorosa relativamente estável. Ou seja, enquanto elas perdem a virgindade com o namorado de longa data, eles, não raro, têm a primeira relação coital com uma amiga colorida ou no seio de uma relação mais esporádica.

 

A verdade é que muitos homens vivem a virgindade como um estigma do qual tentam desfazer-se o quanto antes e, pelo contrário, é comum entre as mulheres “guardar-se” a virgindade como um atributo, como algo que valoriza a pessoa.

 

Para a mulher o estigma é outro. Para as mulheres, ter muitos parceiros sexuais é visto como um indicador de falta de seriedade moral. Delas se espera que sejam reservadas e contidas. Se assim fosse, com quem teriam eles relações sexuais? Mais uma vez as contas não batem certo. Pelos vistos a moralidade tem dificuldades com a matemática.

 

Se o problema é ter muitos parceiros, para as mulheres com um líbido desenvolvido a solução é uma só. Masturbação. Ou, talvez, também a esse nível existam restrições… Se bem me lembro, tinha eu os meus 15 anos e recordo-me de ouvir os meus colegas de escola gabarem-se das sessões de masturbação que faziam em grupo, na casa de um deles, enquanto assistiam a filmes pornográficos. Entre as miúdas nem uma palavra sobre o assunto. Apenas os risinhos envergonhados de sempre. Se o faziam, como eles, não era em grupo e não falavam sobre isso.

 

Até que ponto a realidade está a mudar? Sabe-se que quanto menos tradicional for o contexto, menos real será este retrato. Prova disso é o facto de nas gerações mais jovens a idade à primeira relação coital ser cada vez mais próxima. Pornografia feita a pensar em mulheres também já existe, graças a Anna Span, segundo a qual women love porn!

 

*Crónica publicada no Público

 

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Bem sei que esta imagem traduz com humor aquilo que se passa em muitas das famílias um pouco por todo o mundo, mas não consigo deixar de ficar incomodada com ela.

 

São as mães que monopolizam a esfera dos cuidados e assistência aos filhos? Ou, são os homens que se esquivam deste tipo de tarefas? Talvez as duas hipóteses sejam verdadeiras.

 

Muitas mulheres dominam a esfera da parentalidade, gerindo, executando e decidindo a maior parte dos assuntos a este respeito. Deixar o pai participar implica abdicar de poder e muitas mulheres não o querem fazer. Noutros casos, são os homens que não se sentem à-vontade neste tipo de domínios da vida. Têm medo de fazer errado ou simplesmente preferem usar o seu tempo de outras formas.

 

O que é certo é que a mudança está a acontecer a grande velocidade. Os estudos sobre a divisão do trabalho doméstico são unânimes a afirmar que é excatamente na esfera da parentalidade que os homens estão mais participativos. Cuidar dos filhos e passar tempo com eles são tarefas que muitos pais fazem tão bem ou melhor que as mães. E ainda bem.

 

Aqui está o vídeo que dá vida à minha Maria Amélia.

Talvez a Maria Amélia seja um pouco mais ordinária e abuse mais do picante na hora de abrir a boca... 

O vídeo em baixo é imperdível. Ajuda qualquer mulher a lidar melhor com os piropos que ouve na rua, porque desvenda o seu verdadeiro sentido. Na realidade, o que os homens querem dizer com os piropos que mandam na rua? Mais do que "galar" um mulher, eles estão a tentar gritar ao mundo o quanto são homens. Este tipo de atitudes é resultado da pressão que os homens sentem para provar que são machões... Coitados. 

 


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