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O Américo apresenta-nos um contexto familiar bastante diferente e um estilo de vida marcado pela prática do swing. Ele diz que no mundo do swing as pessoas são mais felizes. Será?

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«Sempre tive uma pessoa ou duas certas e depois aquelas pequenas aventuras. (…) Eu e a minha mulher estamos juntos, só a nível sexual é que não… Já não me inspira. (…) Em relação ao resto, se eu tiver um problema grave eu sei que ela está ali. E ao contrário também. E já nos aconteceu muita coisa durante estes anos todos. (…) Eu acho que a única pessoa em que eu confio a 100% é a minha mulher. (…) [Cada um tem as suas relações…?] Da parte dela não sei se tem, eu tenho. [E ela sabe? Ou não se fala sobre isso?] Não se fala sobre isso. [Não há discussões? Não há ciúmes?] Ahhh…não. Não porque, a Nadir, a mãe da minha filha sabe… Quando me conheceu já sabia mais ou menos o que eu era. Nunca menti. [Então diga-me lá o que é que é?] Quer dizer, sou… Gosto de conhecer as outras pessoas. Há certas atracções. Porque é que a gente há-de fugir delas se a gente as tem? É mais por isso. [A fidelidade não tem valor…] Não. (…) Pronto, eu vivo agora num mundo…que é mais o mundo do swing. As pessoas vão para lá e, pronto, desde que haja atracção tudo se pode fazer. E digo-te, neste mundo as pessoas vivem mais felizes. Não há ciúme, não há aquela complexidade da vida, disto e daquilo. (…) Claro que na minha família e no meu trabalho ninguém sabe nada disto.»

 

(sic) César, 46 anos, casado (formalmente), 1 filho, bacharelato, técnico de farmácia.

No meu livro Super Homem ou Algo do Género analisei em pormenor as primeiras experiências sexuais dos meus entrevistados. Construí uma tipologia que compreende três formas bem distintas de vivenciar este importante momento: iniciação de sonho, iniciação precoce e iniciação precipitada. O Abília encaixa-se naquilo que denominei de iniciação precipitada.

 

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«Eu perdi a virgindade já tarde. Tinha 18 anos, foi no Porto, na altura do São João, numa casa na ribeira. Ela era 10 anos mais velha do que eu, tinha 28 anos. Tínhamo-nos conhecido num casamento. A relação demorou muito pouco tempo. (…) Mas recordo-me muito bem dessa noite, com muito carinho. Nunca mais falei com essa pessoa. Acho que ela nunca soube que eu perdi a virgindade com ela. Eu tremia que nem varas verdes. As minhas pernas eram uma coisa… Num prédio velhíssimo. E acho que a envolvência daquilo tudo… Acho que foi muito engraçado. Muito giro.»

 

Abílio, 40 anos, casado, 1 filho, licenciatura, gestor de produtos bancários.

  

 

A quantidade de informação que circula na Internet é colossal. Hoje, tudo, ou quase quase tudo, se encontra disponível à distância de um clique. Parece um chavão saído de um anúncio, mas é verdade. Podemos frequentar um curso à distância, acompanhar a vida dos nossos amigos, ler um livro, pesquisar desconhecidos ou qualquer assunto de interesse, comprar um carro ou um cão, candidatarmo-nos a um emprego, ver alguém ser abusado sexualmente, etc. etc. Esta crónica é sobre a última possibilidade.

 

A indústria da pornografia ganhou novos contornos, como outros sectores de actividade, com o advento da Internet. Existe um número sem fim de sites dedicados à partilha de vídeos e filmes pornográficos que facilitam a troca deste tipo de “serviço”. Algumas dessas plataformas são financiadas directamente pelo cliente, o qual paga pelos conteúdos, noutros casos o lucro advém da publicidade. Trata-se de um negócio que gera milhões, milhões e milhões de euros.

 

Há vídeos para todos os gostos, a três, a quatro, com um toque escatológico, chicotes e outros acessórios. Um sem fim de fantasias e fetiches pronto a consumir. Apesar da diversidade, uma característica comum aparece de forma mais ou menos transversal à pornografia heterossexual. As mulheres, regra geral bastante jovens (segundo o documentário “Hot girls wanted”, dentro do tema da pornografia, “adolescente” é o termo mais procurado na Internet), surgem numa posição subalterna, passiva, com o fim exclusivo de dar prazer ao homem ou homens que com elas contracenam. Até aqui, nada de novo, não é?

 

O mais surpreendente, pela negativa, é a quantidade de oferta de vídeos em que as mulheres encenam ser agredidas, humilhadas e sexualmente abusadas (cerca de 40% da oferta online, segundo o documentário acima referido). Um dos vídeos mais comuns mostra mulheres a serem forçadas a fazer sexo oral a um homem, que entretanto as insulta, bate-lhes, mete objectos fálicos na boca até provocar o vómito e depois as obriga a sorver o próprio vómito do chão, ou de um recipiente do género comedouro para cães.

 

Surgem-me duas questões de imediato: qual é o perfil destas jovens e quais são as características do público-alvo?

 

Segundo o mesmo documentário, por cerca de 300 euros é fácil encontrar jovens que aceitam submeter-se a este tipo de violência e, adicionalmente, ser filmadas a fazê-lo. Este documentário, baseado na realidade norte-americana, traça um perfil destas mulheres. O que as move é o dinheiro, a possibilidade de viajar e a ambição de serem ricas e famosas como, por exemplo, Kim Kardashian. Não são necessariamente oriundas de contextos sociais desfavorecidos, nem foram socializadas num contexto familiar ou social dos quais fizesse parte a pornografia ou prostituição (por vezes a linha que separa estas duas coisas é tão fina...).

 

Sobre o público destes vídeos, o documentário diz muito pouco ou nada, apenas que são muitos os homens a quem agrada este tipo de produções.

 

Debaixo do tapete das sociedades ocidentais, e sob a bandeira da crescente igualdade de género, que é real, existe ainda muito lixo. Este é um exemplo. Trata-se de desigualdade pura e dura, de subjugação de um sexo ao outro, de inferiorização e subalternização da mulher face ao homem. Se assim não fosse, teríamos à distância de um clique vídeos semelhantes, mas com homens no papel principal.

 

*Publicado em Público

 

 

Subo a avenida e passo os olhos pelas montras. Vários cartazes publicitam roupas e acessórios para mulheres. Noto um padrão que nada nos diz sobre a última tendência da moda para o Verão que se aproxima. O que é comum às várias campanhas publicitárias é o facto de usarem imagens que mais parecem ter sido captadas em plena rodagem de um filme pornográfico. A meio não. No início. Antes da acção principal decorrer. As mulheres que exibem as roupas olham com desejo ardente para os transeuntes. Parecem estar seriamente empenhadas em seduzir quem passa.

 

Ora, se não são os homens que usualmente compram as roupas das mulheres, nem a maior parte das mulheres são lésbicas, todo aquele esforço sedutor é para quem? Para quê o decote exageradamente aberto, a boca e o olhar a pedir prazer carnal?

 

As mulheres vestem-se para ir à praia, para ir passear o cão ou a criança, para ir trabalhar, para ir ao supermercado, para ir a uma festa… Porquê centrar as imagens publicitárias no acto da sedução? A sedução é bem-vinda, o amor e a paixão enchem-nos a vida de excitação, mas podemos ter campanhas publicitárias que não se resumam a isso e, principalmente, não resumam as mulheres a isso?

 

A actriz Susan Sarandon afirmou recentemente a sua vontade de realizar filmes pornográficos, uma vez que os que existem estão centrados no prazer do homem ignorando a líbido feminina. Pois na publicidade passa-se a mesma coisa! Porque raio as mais diversas publicidades, desde o anúncio do carro ao dos sapatos, nos inundam com imagens de mulheres altamente empenhadas no acto da sedução, em posições e trejeitos híper erotizados?

 

Identifico, no entanto, dois tipos de anúncios em que as mulheres não nos são apresentadas como um pedaço de carne que se esforça por ser objecto de desejo. Publicidade a produtos para bebés e produtos para a casa. Mas se uma mulher veste lantejoulas e exibe um decote até ao umbigo para vender mobiliário, por que não o há-de fazer para vender umas fraldas? Porque, minhas amigas e meus amigos, a mãe e a dona de casa não são passíveis de ser transformadas em objectos de prazer.

 

Não sei o que é pior, se a excessiva sexualização do corpo feminino, se a completa “dessexualização” da mulher-mãe, mulher-doméstica. Ou bem que as mulheres são representadas como sedutoras natas ou como anjos do lar. A maior parte delas não é uma coisa nem outra, e são essas que compram!

 

* Publicado em Público

Vergonha alheia

07.01.15

Vai Ana Vai, suscita em mim vários sentimentos e reacções. Vergonha alheia, gargalhadas e alguma irritação, são alguns exemplos.

 

Tantos anos de luta pela emancipação das mulheres para, em pleno século XXI, me aparecer uma Ana deste calibre!? Money money money? Ó Ana, vai trabalhar :)

 

 

Do outro lado do oceano temos a sua contemporânea Deize Tigrona, embora com um estilo bem diferente. Qual preferem?

 

 

 

Tal como nas mais diversas esferas da vida, também em relação à sexualidade se podem apontar diferenças entre homens e mulheres. Diferenças ao nível das práticas e ao nível dos valores. Não é que eles sejam de planetas diferentes, uns de Marte e outros de Vénus…  Na verdade, o planeta é o mesmo, apenas muda a anatomia e a forma como aprenderam a fazer uso dela. Virtualmente, o prazer e apetite sexual podem ser os mesmos, mas na realidade não são.

 

Por exemplo, os homens iniciam-se sexualmente mais cedo do que as mulheres. Pelo menos é o que eles dizem. Dados de um questionário recente à população portuguesa, publicados no livro Sexualidades em Portugal, revelam que mais de metade dos homens perdeu a virgindade antes dos 17 anos, enquanto apenas 35% das mulheres deram a mesma resposta. Bem, se fizermos algumas contas de cabeça depressa percebemos que, ou os homens mentiram, ou então a maior parte foi para a cama com mulheres mais velhas. Eu aposto na primeira hipótese. Homem que é homem perde a virgindade cedo e vai para a cama com muitas mulheres! Se assim não for, pode sempre mentir-se.

 

Mas não é só a idade que é diferente, também as experiências o são. Mais do que as mulheres, os homens iniciam a sua vida sexual fora do contexto de uma relação amorosa relativamente estável. Ou seja, enquanto elas perdem a virgindade com o namorado de longa data, eles, não raro, têm a primeira relação coital com uma amiga colorida ou no seio de uma relação mais esporádica.

 

A verdade é que muitos homens vivem a virgindade como um estigma do qual tentam desfazer-se o quanto antes e, pelo contrário, é comum entre as mulheres “guardar-se” a virgindade como um atributo, como algo que valoriza a pessoa.

 

Para a mulher o estigma é outro. Para as mulheres, ter muitos parceiros sexuais é visto como um indicador de falta de seriedade moral. Delas se espera que sejam reservadas e contidas. Se assim fosse, com quem teriam eles relações sexuais? Mais uma vez as contas não batem certo. Pelos vistos a moralidade tem dificuldades com a matemática.

 

Se o problema é ter muitos parceiros, para as mulheres com um líbido desenvolvido a solução é uma só. Masturbação. Ou, talvez, também a esse nível existam restrições… Se bem me lembro, tinha eu os meus 15 anos e recordo-me de ouvir os meus colegas de escola gabarem-se das sessões de masturbação que faziam em grupo, na casa de um deles, enquanto assistiam a filmes pornográficos. Entre as miúdas nem uma palavra sobre o assunto. Apenas os risinhos envergonhados de sempre. Se o faziam, como eles, não era em grupo e não falavam sobre isso.

 

Até que ponto a realidade está a mudar? Sabe-se que quanto menos tradicional for o contexto, menos real será este retrato. Prova disso é o facto de nas gerações mais jovens a idade à primeira relação coital ser cada vez mais próxima. Pornografia feita a pensar em mulheres também já existe, graças a Anna Span, segundo a qual women love porn!

 

*Crónica publicada no Público

 

Aqui está o vídeo que dá vida à minha Maria Amélia.

Talvez a Maria Amélia seja um pouco mais ordinária e abuse mais do picante na hora de abrir a boca... 

O vídeo em baixo é imperdível. Ajuda qualquer mulher a lidar melhor com os piropos que ouve na rua, porque desvenda o seu verdadeiro sentido. Na realidade, o que os homens querem dizer com os piropos que mandam na rua? Mais do que "galar" um mulher, eles estão a tentar gritar ao mundo o quanto são homens. Este tipo de atitudes é resultado da pressão que os homens sentem para provar que são machões... Coitados. 

 

 

Fim-de-semana em Paris com direito a jantar e show no mítico LIDO. Fantástico. Mas o problema repete-se. O espectáculo era composto por dezenas de bailarinas e escassos bailarinos. Elas eram bonitas, magras e em grande parte dos números apareceram semi nuas, exibindo as mamas. Muitas mamas, devo dizer. Claro que gostei de ver. Talvez mais do que um dos meus vizinhos do lado que era gay. Por uma questão de igualdade, e apenas por isso, gostava de ter visto os rapazes a aparecer mais e a mostrar mais corpinho. Excepcionalmente num dos números eles surgiram em destaque, vestidos de cowboys e com as bochechas do rabo à mostra. Quanto a  mim um dos melhores números do espectáculo. Um sucesso! O vizinho do lado também me pareceu bastante entusiasmado.

 

A pergunta que me coloco é sempre a mesma. Mas quem manda, quem organiza, quem concebe este tipo de espectáculos ainda não se apercebeu que metade da plateia é composta por mulheres!? Porque é que no mundo ocidental do século XXI ainda nos deparamos com imensos espaços públicos pensados apenas para os homens (heterossexuais)? Há que começar a agradar mais às mulheres sob pena de condenar o futuro do próprio negócio, seja ele de que tipo for. Ao contrário, já é tempo de os publicitários pararem de dedicar os anúncios de detergentes exclusivamente às mulheres. Aproveito para deixar o meu bem haja a uma publicidade com que me deparei recentemente no panfleto de um supermercado.

    

Nunca se questionaram porque, tal como a maior parte das revistas masculinas, também as revistas femininas exibem mulheres na capa. O conteúdo segue a mesma tendência. Mulheres, mulheres, mulheres, mulheres... boring!

 

As revistas destinadas aos homens (heterossexuais) estão repletas de imagens de mulheres com mais ou menos roupa. São imagens de elevada carga erótica para estimular a líbido dos homens. As poses são sempre as mesmas. Olhares, beicinhos, decotes, insinuações...

 

Já no caso das revistas femininas as imagens das mulheres pretendem ser didácticas. Ensinar as mulheres a cuidarem-se mais, a vestirem-se melhor, a seduzir o parceiro... Mas será que os/as editores/as das revistas ainda não perceberam que as mulheres também gostam de deitar o olho a um belo rapaz!?

 

Este tipo de lógica está por todo o lado.

 

Este fim-de-semana rumei a Vilamoura com mais umas largas dezenas de colegas de trabalho. Sunset Party promovida pela empresa. Festa na praia, animais exóticos, vinho, boa carne. Até aqui tudo óptimo. O que me desiludiu foi o serviço. A maior parte do staff eram mulheres, jovens, bonitas e magras. Também gosto de olhar para uma mulher bonita, mas e os homens? Cadê?


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