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A forma como os nossos pais dividiam (ou não) as tarefas, bem como as suas estratégias de educação para o trabalho doméstico têm alguma influência na forma como nós, no futuro, vamos lidar com estas questões. Em vossa casa era mais à moda do Rodrigo, ou do Mário?

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“[Nenhum dos irmãos ajudava, colaborava...] As minhas irmãs ajudavam. [As raparigas?] Nós não. [Então estou aqui a notar uma certa...] Completamente. Sim, uma diferença. Completamente, principalmente pela minha avó. A minha avó ainda é viva, mas era muito machista, completamente machista. Mais machista que a maior parte dos homens que eu conheço. E sofreu as passas do Algarve com o meu avô, porque o meu avô era um mulherengo terrível, mas ela pensava de um certo modo... As minhas irmãs tiveram uma educação, obrigadas a ajudar em casa nas lidas. [O Rodrigo e o seu irmão, nada.] Éramos uns príncipes, completamente.”

 

Rodrigo, 39 anos, divorciado, licenciatura, advogado

 

 

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 “Sei cozinhar, sei passar, tudo! A única coisa que eu não gosto é estender roupa. A coisa mais simples, mas eu não gosto, atrofia-me. Sei passar a ferro, só não sei fazer grandes cozinhados. Pronto o básico, arroz, salsichas, esparguete. Invento. (…) A minha mãe sempre me ensinou [a cozinhar], para um dia mais tarde se fosse morar sozinho não ir comer comidas ao Mac ou cenas assim. (…) Cozinhar, passar a ferro, lavar a casa de banho, tudo e mais alguma coisa. (…) [A tua irmã também faz tudo lá em casa? E o teu irmão mais velho?] Todos sabem fazer. A gente arrumávamos, chegávamos ao sábado e cada um tinha uma tarefa para arrumar a casa toda. Um aspirava, outro lavava a casa de banho. (…) O meu pai também sabe fazer tudo mas não faz. Ele trabalha, só ao domingo é que está de folga.”

 

Mário, 21 anos, solteiro, sem namorada, 9º ano, empregado de mesa

O Américo apresenta-nos um contexto familiar bastante diferente e um estilo de vida marcado pela prática do swing. Ele diz que no mundo do swing as pessoas são mais felizes. Será?

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«Sempre tive uma pessoa ou duas certas e depois aquelas pequenas aventuras. (…) Eu e a minha mulher estamos juntos, só a nível sexual é que não… Já não me inspira. (…) Em relação ao resto, se eu tiver um problema grave eu sei que ela está ali. E ao contrário também. E já nos aconteceu muita coisa durante estes anos todos. (…) Eu acho que a única pessoa em que eu confio a 100% é a minha mulher. (…) [Cada um tem as suas relações…?] Da parte dela não sei se tem, eu tenho. [E ela sabe? Ou não se fala sobre isso?] Não se fala sobre isso. [Não há discussões? Não há ciúmes?] Ahhh…não. Não porque, a Nadir, a mãe da minha filha sabe… Quando me conheceu já sabia mais ou menos o que eu era. Nunca menti. [Então diga-me lá o que é que é?] Quer dizer, sou… Gosto de conhecer as outras pessoas. Há certas atracções. Porque é que a gente há-de fugir delas se a gente as tem? É mais por isso. [A fidelidade não tem valor…] Não. (…) Pronto, eu vivo agora num mundo…que é mais o mundo do swing. As pessoas vão para lá e, pronto, desde que haja atracção tudo se pode fazer. E digo-te, neste mundo as pessoas vivem mais felizes. Não há ciúme, não há aquela complexidade da vida, disto e daquilo. (…) Claro que na minha família e no meu trabalho ninguém sabe nada disto.»

 

(sic) César, 46 anos, casado (formalmente), 1 filho, bacharelato, técnico de farmácia.

O Serafim, um dos homens que eu entrevistei para o livro, fala sobre depilação. Ele depila o rabo e fá-lo com a ajuda da sua esposa. Porque não!?

 

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«Se eu tivesse condições (…) para não estar sempre a fazer estas depilações, tirava tudo. Inclusive, já estive a ver os orçamentos para fazer isso. (…) Até foi por causa da minha mulher, que ela também reclama muito disso. [Reclama porquê?] Porque há certos sítios que ela não chega e que sou eu a fazer. Eu ajudo-a a ela e ela ajuda-me a mim, é engraçado. [Na parte de baixo fazes tudo? Tiras tudo até ao rabo?] Tudo. Só no rabo é que faz ela. Ela ajuda-me. [Pois, porque tu não consegues.] Não, não consigo. [Se bem que com o creme é mais fácil.] Sim, mas mesmo assim não consigo, ela tem de me ajudar. Quando é para ela sou eu a ajudar. É um momento daqueles enormes (risos). [De rir.] Não é de rir, é mais de, como se diz…é mais um momento nosso. Pouca gente faz isso, ou quase ninguém faz isso.»

 

Serafim, 23 anos, união de facto, 2 filhos, 12º ano, medidor.

 

No meu livro Super Homem ou Algo do Género analisei em pormenor as primeiras experiências sexuais dos meus entrevistados. Construí uma tipologia que compreende três formas bem distintas de vivenciar este importante momento: iniciação de sonho, iniciação precoce e iniciação precipitada. O Abília encaixa-se naquilo que denominei de iniciação precipitada.

 

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«Eu perdi a virgindade já tarde. Tinha 18 anos, foi no Porto, na altura do São João, numa casa na ribeira. Ela era 10 anos mais velha do que eu, tinha 28 anos. Tínhamo-nos conhecido num casamento. A relação demorou muito pouco tempo. (…) Mas recordo-me muito bem dessa noite, com muito carinho. Nunca mais falei com essa pessoa. Acho que ela nunca soube que eu perdi a virgindade com ela. Eu tremia que nem varas verdes. As minhas pernas eram uma coisa… Num prédio velhíssimo. E acho que a envolvência daquilo tudo… Acho que foi muito engraçado. Muito giro.»

 

Abílio, 40 anos, casado, 1 filho, licenciatura, gestor de produtos bancários.

Lá em casa é o André que assume grande parte das tarefas domésticas, pois a sua esposa tem uma actividade profissional muito exigente e com um horário alargado. Ela ganha mais, ele não se sente injustiçado.

 

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«[E com as tarefas domésticas lá em casa?] Eu faço. [Mais do que ela?] Mais do que ela. Praticamente tudo. Não me ocupo da roupa, por exemplo, nem da limpeza porque temos uma empregada, tínhamos uma empregada… Agora temos uma empresa que faz limpeza. Mas refeições, arrumações, sou eu que as faço. [E como é que lidas com isso, há aí algum sentimento de injustiça?] Não, para mim é perfeitamente perceptível, eu tenho tempo… e aprendi de facto a gostar de fazer.»

 

André, 42 anos, casado, 1 filho, mestrado, professor do ensino secundário.

 


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