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Phi Phi papers

11.04.16

 

Há momentos em que todos nós temos de dar a mão à palmatória e hoje é a minha vez. Não é a primeira nem será a última, aliás.

 

Aos que me acusam de ser cega no que diz respeito às desigualdades entre homens e mulheres, de não ser capaz de reconhecer as enormes mudanças e avanços que a este nível temos assistido, eu hoje digo “têm toda a razão”.

 

O furo jornalístico Phi Phi Papers (lê-se “pipi” papers) vem comprovar que afinal, ao contrário do que tenho dito e contestado, hoje são as mulheres que dominam o mundo. Ou seja, a relação de poder entre homens e mulheres deu a volta completa – 180 graus. Para além de as mulheres já não encontrarem obstáculos na escalada até ao cume do poder político e financeiro, são exactamente elas que hoje se posicionam nos lugares mais privilegiados da pirâmide social. É como se de repente lhes tivesse sido estendida uma passadeira vermelha, disponibilizada uma escada rolante exclusiva com acesso directo à fila da frente, ao camarote dos donos disto tudo!

 

Os nomes que têm vindo a lume neste escândalo dos offshores enquanto gigantescas máquinas de lavar dinheiro e fuga ao fisco provam que somos dominados por mulheres. A questão para aqui chamada não é tanto a das irregularidades e potencias crimes financeiros, mas antes o facto de podermos chamar os bois pelos nomes (afinal não são bois…). A divulgação deste bolo informativo permite constatar aquilo que eu teimava em não ver. Quem está à frente das grandes empresas? Quem são os líderes políticos das nações? Maiores nomes da sétima arte? Desportistas mais bem pagos? Mulheres!!!

 

Depois desta chapada de realidade, procurei mais evidências e foi fácil demais encontrá-las. Sinto-me quase envergonhada. Como é que eu não consegui ver?! Todos os anos é publicada a lista dos maiores bilionários do mundo, a famosa lista Forbes. Mas mais importante do que essa é a lista Topes. A lista Topes representa a primeira divisão das fortunas, enquanto a Forbes trata dos campeonatos amadores. para meu espanto a lista Topes é composta quase que exclusivamente por mulheres! As maiores fortunas, as verdadeiras fortunas estão nas mãos de mulheres!

 

A vida não pára de me surpreender e desta vez a surpresa é muito positiva. Resta-me ir à procura da tal passadeira vermelha ou escada rolante. Pode ser que haja lá um lugar para mim.

 

*Publicado em Público


1 comentário

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De Anónimo a 22.04.2016 às 19:28

Já que estamos numa de dar a mão à palmatória, não posso deixar de me imbuir do mesmo espírito e reconhecer aqui que estava redondamente enganado quando acusei a autora deste blogue de feminismo cego, absurdo e doentio, a roçar o psicopático. Na verdade, só uma pessoa com uma extraordinária lucidez consegue perceber que, por detrás dos milionários da lista Forbes, na sua esmagadora maioria homens, não existe qualquer mérito destes no estatuto alcançado, mas antes o simples aproveitamento de uma "passadeira vermelha" ou "uma escada rolante exclusiva com acesso directo à fila da frente". Existe, como só uma pessoa lúcida como a Elisabete compreende, uma espécie de "complot da pila" que permite aos homens, em modo de cooperação, escalar a pirâmide social sem esforço, ao passo que as mulheres, coitadas, se vêem impedidas de tal objectivo graças aos obstáculos que lhes são propositadamente colocados na escalada até ao cume do poder político e financeiro pelos lobbies masculinos. (Agora percebo que eu próprio devo ter andado a dormir ao longo da minha vida, já que, sendo apenas um mero cidadão "desenrascado", nunca soube retirar o devido proveito do facto de ter nascido homem para chegar a milionário. E, pelos vistos, é tão fácil para nós...)
É também precisa uma lucidez extraordinária como só a Elisabete possui para perceber que os maiores nomes de sempre da história da sétima arte são masculinos. De facto, quem se lembrará de divas como Sophia Loren, Brigitte Bardot, Ingrid Bergman, Greta Garbo, Lauren Bacall, Rita Hayworth, Marlene Dietrich, Bettie Page, Ava Gardner, Marilyn Monroe, Jayne Mansfield, Grace Kelly, Sophia Loren, Elizabeth Taylor, Jacqueline Bisset, Bo Derek, Meryl Streep, Katharine Hepburn, Bette Davis, Angelina Jolie, Sharon Stone, Scarlett Johansson, Cameron Diaz, Monica Bellucci, Jessica Alba, Charlize Theron, Jennifer Aniston ou Sandra Bullock? E na música, quem se lembrará de Aretha Franklin, Mary J. Blige, Patti LaBelle, Karen Carpenter, Annie Lennox, Darlene Love, Mariah Carey, Dolly Parton, Björk, Christina Aguilera, Mavis Staples, Gladys Knight, Whitney Houston, Tina Turner, Adele, Celine Dion??? Quem se lembrará da Amália, que, vá lá saber-se porquê, alguém elegeu como o maior nome de sempre da música portuguesa? E no desporto, quem se lembrará da Rosa Mota, só porque ganhou uma medalha de ouro olímpica? Ninguém, claro! Aliás, nem sei como estas mulheres conseguiram chegar ao topo do sucesso nas suas artes, tais os obstáculos que os homens, a sociedade ou as forças obscuras do império do mal lhes colocaram no seu caminho para as impedir de chegar onde chegaram. Não, de facto a Elisabete não é cega, absurda e doentia...

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