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Os meus desejos para 2016 são muito humildes, por isso espero que se concretizem. Vou comer as 12 passas e pedir 12 vezes o mesmo desejo só para garantir que nada corre mal.

 

Podia pedir a paz no mundo, o fim da fome e do trabalho infantil, acabar com a discriminação e as desigualdades sociais, evitar as catástrofes naturais que aí virão ou o aquecimento global, mas decidi seguir uma estratégia mais modesta e realista. Guiei-me pela sabedoria dos ditados populares “grão a grão enche a galinha o papo” ou “devagar se vai ao longe” ou, até, “quem tudo quer tudo perde” e, em vez de reclamar a igualdade entre os seres humanos, resolvi focar-me em algo mais pequeno.

 

O que eu mais desejo para 2016 é que o senhor Pedro Arroja, e seus homólogos, deixem de ter voz no espaço mediático. Desejo que desapareçam de vez dos jornais, televisão, rádio, Internet... Bem sei que as suas palavras nos conseguem arrancar gargalhadas como às vezes nem uma boa comédia consegue, mas, mesmo assim, gostava que se calassem para sempre.

 

Atenção, eu não estou a pedir que os media comecem a censurar comentários como “uma sociedade só de homens seria uma sociedade extremamente violenta, rapidamente se dividiam em partidos, seitas, a lutar uns contra os outros e acabava tudo à pancadaria…uma sociedade só de mulheres era uma sociedade em que nada acontecia, nada mudava, falava-se muito (as mulheres são muito faladoras – risos), mas decisões, definir um caminho para aquela sociedade evoluir, nunca se tomariam, porque elas nunca estão de acordo”.

 

O que eu realmente desejo é que a censura venha de dentro, que haja exercício de autocrítica e que as pessoas sintam vergonha e se coíbam de partilhar em público as suas opiniões sexistas, homofóbicas ou racistas. “África é pobre porque os negros só pensam em sexo” deveria ser gravado à mão, pelo próprio do autor da afirmação, num bloco de mármore, e servir como peça central de uma colecção de arte sobre a estupidez humana.

 

Para ser totalmente honesta convosco vou guardar um outro desejo para a décima segunda passa. Se tudo o resto falhar, o que eu mais desejo para 2016 é que o Pedro Arroja, no dia 1 de 2016, acorde no corpo de uma mulher, negra e lésbica. Talvez isso o cale.

 

E assim me despeço deste ano, desejando um excelente 2016 para todos os homens e mulheres que teimam em inundar o espaço público com tamanhas enormidades.

 

Publicado em Público


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